terça-feira, 4 de outubro de 2011

Pré-Artigo 2 - O processo migratório da região sul, sudeste e nordeste do país e o reordenamento do território rondoniense.

O processo migratório da região sul, sudeste e nordeste do país e o reordenamento do território rondoniense.

Alunos:

A partir de 1964 é notável que as configurações do território  rondoniense tomam  novas  dimensões. O incentivo do governo militar para ocupação da região amazônica  tinha como principal objetivo  a defesa do território das mãos comunistas. Desse modo o principal contingente de migrantes veio das regiões Sul, Sudeste e Nordeste em busca das prometidas terras que o governo cederia através do INCRA para ocupação territorial, cujo lema era “Integrar para não entregar”. Nesse contexto pode-se ressaltar uma maior participação da população paranaense nessa ocupação, visto que nesse estado os conflitos agrários eram de grande proporção e veio a calhar a ocupação do território amazônico e com isso solucionando ambos os problemas. Seguindo essa concepção em construção Milton Santos e Maria Laura Silveira (2008:212) afirmam (...) a população brasileira tem uma movimentação cada vez maior, misturando, sobre todo território, pessoas das mais diversas origens estaduais.

Além disso não pode-se esquecer da influência da população nordestina no reordenamento do território rondoniense incentivada pelo governo Médici a integrar a região amazônica tendo como tema norteador ” levar os homens sem terra do nordeste a ocupar as terras sem homens da Amazônia”. 

O rápido aumento de tensões sociais no nordeste brasileiro, causado pela negligência à urgente e necessária reforma agrária, tornou-se ainda maior depois da desastrosa seca, levando em 1970 a um acordo de estratégia geopolítica que combinava programas de exploração da infra-estrutura e econômicos na Amazônia com um projeto de colonização para o assentamento de nordestinos sem terra. A região amazônica era vista como escape espacial para os conflitos sociais não-solucionados. Novas terras na Amazônia foram colocadas à disposição, como a chamada “alternativa para a reforma agrária” (Kohlhepp, 1979).
 
O território de Rondônia passou por um processo de reordenação territorial que engloba quatro fases: o primeiro ciclo da borracha, extração de minério, segundo ciclo da borracha, redistribuição de terras pelo INCRA e a implantação das usinas hidrelétricas que se configura atualmente. Alguns desses ciclos não obtiveram os resultados esperados e trouxeram muitas conseqüências, principalmente ambientais e sociais. 

Vastas áreas florestais foram devastadas e, em muitos casos, assentados foram expulsos por grileiros e por fazendeiros de gado. As deficiências e problemas aumentaram no Programa Polonoroeste, anunciado anteriormente com tanto otimismo. O programa sucessor, o Planafloro, foi implementado alguns anos mais tarde, visando a reorganizar a problemática situação social e ecológica em Rondônia. (Kohlhepp, 1987a; Coy 1988).

Assim como os ciclos anteriores trouxeram diversos problemas, o atual ciclo, o da instalação de usinas hidrelétricas, não é diferente. Pode-se observar um desequilíbrio populacional na área de Porto Velho, cerca de 120 mil trabalhadores vieram para essa área no decorrer dos últimos três anos.

Com a construção de dois empreendimentos hidrelétricos um novo ciclo se consolida na cidade de Porto Velho e no momento há um período de prosperidade característico da implantação de grandes obras. Esse ciclo de prosperidade é temporário e não vai resolver a histórica demanda reprimida na saúde, na educação, na habitação, por exemplo. Por outro lado, vai agudizar ainda mais esses e outros problemas. (MORET, 2006).
  
Em virtude dos fatos mencionados nota-se que o reordenamento do território rondoniense passou por um processo longo e contínuo que ainda não cessou. As migrações continuam, apesar de em menor fluxo, geralmente motivadas pela questão econômica. 

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